O nome de Egon Paulo Grams está definitivamente gravado na história do Sudoeste do Paraná. Para o atual prefeito de Capanema, Neivor José Kessler, Egon não foi apenas um gestor ou político: foi um visionário, protagonista de uma era de profundas transformações e base para projetos que influenciaram o desenvolvimento regional até os dias atuais. Neivor destacou, em diversas publicações ao longo de 2023, o papel central de Egon Grams em momentos decisivos da história capanemense, chamando atenção para sua atuação em tempos de escassez, sua dedicação ao bem público e sua coragem em enfrentar os grandes desafios que se apresentavam.
As raízes em Capanema e a construção da liderança
Natural de Três Passos, no Rio Grande do Sul, Egon Grams chegou ao Sudoeste do Paraná no final da década de 1960, quando Capanema ainda buscava estrutura e identidade. Inicialmente, envolveu-se com a comunidade luterana local, contribuindo para a criação da escola Santa Cruz com apoio da Alemanha. A partir daí, fincou raízes, trabalhou na prefeitura, atuou como diretor escolar e também na Coagro, consolidando um perfil de liderança comprometida e participativa.
Desenvolvimento com energia e infraestrutura para Capanema
Quando assumiu o cargo de prefeito, primeiro como nomeado pelo regime militar e depois eleito pelo povo, Egon teve a missão de liderar Capanema em meio a um cenário de grandes carências estruturais. Neivor relembra que a aceitação de Egon Grams foi imediata. Ele representava o povo local, diferente de gestões anteriores vindas de outras regiões. Sob sua liderança, o município vivenciou uma onda de progresso impulsionada por parcerias com o Governo Federal. Foram levadas redes de energia ao interior, construídas estradas, pontes e bueiros — tudo em uma região considerada estratégica, próxima à fronteira.
A crise da Estrada do Colono e os desafios políticos
Na segunda gestão, eleito democraticamente, Egon Grams enfrentou um cenário mais complexo, com as pressões típicas da vida partidária. Ainda assim, manteve o foco no desenvolvimento, mesmo tendo de lidar com decisões duras como o fechamento da Estrada do Colono — episódio que marcou profundamente a economia local. Como recorda Neivor, foi um momento de ruptura. Linhas de ônibus deixaram de circular, famílias viram seus bens perderem valor da noite para o dia, e o desânimo tomou conta da população. A prefeitura buscou alternativas, tentou reabrir o acesso, enfrentando inclusive processos judiciais, mas o prejuízo econômico e social jamais seria compensado.
O Pacto Nova Itália: Uma revolução no Sudoeste do Paraná
O Pacto Nova Itália foi um dos maiores legados de Egon Paulo Grams no Sudoeste do Paraná. Surgiu como uma parceria entre Grams e o político Alceni Guerra, com o objetivo de transformar a realidade dos pequenos produtores rurais da região, que enfrentavam dificuldades econômicas e pouca infraestrutura. O pacto teve a proposta de fortalecer a economia local, especialmente em áreas carentes de apoio técnico e organização.
Com base na experiência adquirida durante uma viagem à Itália, Egon percebeu o potencial da agricultura familiar, mas viu um grande desafio: os produtos agrícolas da região eram vendidos sem nenhum tipo de agregação de valor. Por isso, o foco do pacto foi transformar esses produtos, especialmente os derivados da suinocultura, que poderiam ser processados e comercializados como alimentos de alto valor agregado, como o presunto de Parma.
Impacto duradouro e o legado do Pacto Nova Itália
O Pacto Nova Itália, embora tenha sido encerrado por questões políticas, teve um impacto profundo e duradouro na região. Por meio do pacto, Egon Grams ajudou centenas de pequenos produtores a criarem suas próprias empresas e associações. O projeto ofereceu a estrutura necessária, com apoio financeiro, capacitação e organização, para que esses agricultores tivessem condições de agregar valor aos seus produtos e alcançar mercados mais amplos.
Neivor Kessler destaca que o impacto do Pacto Nova Itália foi imenso para os pequenos agricultores, pois incentivou a capacitação e a organização da produção local. Embora o projeto tenha sido encerrado, muitas das empresas criadas na época ainda existem e continuam a prosperar. O pacto, em sua essência, deu aos produtores locais as ferramentas para a transformação e a valorização do trabalho agrícola da região.
O Cetis e seu papel na qualificação profissional
Outro marco importante deixado por Egon Grams foi o impulso à inovação tecnológica e à educação profissionalizante, por meio da criação do Centro Tecnológico de Integração do Sudoeste (Cetis). O Cetis foi um projeto visionário que visava atender à crescente demanda por profissionais qualificados para o mercado de trabalho da região, especialmente na área de tecnologia e empreendedorismo.
Por meio do Cetis, Egon conseguiu proporcionar aos jovens da região a oportunidade de se formar em cursos técnicos, além de incentivá-los a abrir seus próprios negócios. A estrutura oferecida pelo Cetis permitiu que os alunos montassem suas próprias empresas, promovendo o espírito empreendedor e a inovação. O projeto foi fundamental para a formação de muitos profissionais que hoje ocupam posições importantes no mercado de trabalho do Sudoeste.
O legado do Cetis e as empresas criadas a partir dele
O Cetis, segundo Neivor Kessler, foi um grande impulso para o desenvolvimento local, pois permitiu que jovens com espírito empreendedor e vontade de inovar tivessem acesso a uma educação de qualidade. O projeto não só formou técnicos, mas também estimulou o surgimento de novas empresas na região.
Muitas empresas que nasceram no Cetis, como a Visum, continuam a prosperar até hoje, sendo um exemplo claro de como a educação técnica pode contribuir para o desenvolvimento econômico regional. O Cetis também teve um impacto duradouro na formação de profissionais que hoje são essenciais para o mercado de trabalho local, reforçando o papel de Egon na promoção da educação técnica e da inovação.
A formação superior e a criação de cursos universitários na região
A contribuição de Egon no setor educacional foi ainda mais abrangente com a implementação de cursos de ensino superior no Sudoeste do Paraná. Egon teve um papel fundamental na chegada de cursos de graduação e pós-graduação para a região, além de criar oportunidades para que os jovens locais pudessem acessar o ensino superior sem precisar se deslocar para grandes centros urbanos.
A criação de cursos de pedagogia, por exemplo, foi uma das maiores conquistas de Egon na área educacional. Ele trouxe a Universidade Federal para a região, garantindo que os jovens da região tivessem acesso ao ensino superior de qualidade. Embora o curso tenha sido interrompido por questões políticas, Neivor Kessler reconhece a importância do legado educacional deixado por Egon, que abriu portas para muitos jovens da região.
O impacto da educação e a formação de uma nova geração no Sudoeste
Egon sempre acreditou que a educação era a chave para o desenvolvimento de qualquer comunidade, e seu trabalho no setor educacional trouxe benefícios imensuráveis para a região. Com a criação de cursos técnicos e universitários, ele possibilitou que muitas pessoas da região se formassem e ingressassem em carreiras profissionais bem-sucedidas.
O impacto de suas ações educacionais pode ser visto até hoje, com muitos dos alunos formados sob sua orientação ocupando cargos importantes no mercado de trabalho local. Para Neivor, o legado educacional de Egon é um dos maiores, pois contribuiu de maneira decisiva para a formação de uma nova geração de profissionais e cidadãos, com uma visão voltada para o crescimento sustentável da região.
- Fontes: Neivor Kessler / Jornal de Beltrão
- Fotos: Acervo/Neivor Kessler
- Redação: Edney Manauara